Exposição 8 - Parede de Memórias

 

 

UM OLHAR SOBRE A  PAREDE DE MEMÓRIAS

Exposição de fotografia de Alexandra Freitas

 

De 25 a 28 de Maio de 2017 

Festival Aqui Acolá

Ponta do Sol

 

Exposição 8 - Porta 12 (ao lado posto informação turística)

 

 

Parede de Memórias [ver página]

“Um olhar sobre a Parede de Memórias” apresenta uma visão do projeto escultórico de Patrícia Sumares, no qual retrata vários momentos da sua execução, nomeadamente a recolha de alguns dos rostos de pessoas que, de entre muitos, quiseram “dar a cara”, deixando mais do que marcas fisionómicas, expressões de vidas e sentimentos; a criação das faces, pelas mãos da sua artista; o erigir do mural que se ergueu perante olhares atentos e curiosos. Olhares subjetivos, com leituras diversas de uma obra de arte que inspira uma verdadeira contemplação.

 

A exposição fotográfica “Um Olhar sobre a parede de Memórias” é um, entre muitos olhares, que pretende tornar memoráveis as reminiscências de uma Parede: o seu processo de construção, as memórias de uma comunidade cooperante com a arte, e, em simultâneo, toda a paixão criativa da sua artista.

 

 

Foi com esse olhar e, através da objetiva, que Alexandra Freitas captou as imagens dessa criação artística, digna de memória.

 


 

"Texto de José Pedro Regatão para a intervenção de arte pública.

 

Patrícia Sumares apresenta-nos um mural escultórico de grandes dimensões, composto por mais de três mil rostos realizados a partir de duzentos e cinquenta moldes recolhidos não só junto da população do município da Ponta do Sol, mas também entre turistas e pessoas que mostraram interesse em participar no projeto.

 

Para esse efeito a artista tem vindo a realizar os moldes dos rostos no seu ateliê, ao longo deste último ano entre as duas edições do festival Aqui Acolá, captando a essência de cada fisionomia e convocando o público a participar ativamente no seu trabalho.

 

O espetador tem assumido um papel de co-criador, na medida em que participa na conceção da obra, emprestando o seu rosto, tornando-se uma parte viva do próprio painel. Mais do que meros rostos, são expressões e sentimentos de uma comunidade, são histórias de vida e memórias coletivas.

 

São paisagens humanas de esperança que revelam um certo sentido de espiritualidade e de união cívica. O rosto e as questões simbólicas que lhe estão subjacentes têm sido um tema recorrente no trabalho de Patrícia Sumares, através de instalações escultóricas que propõem um olhar filosófico sobre a vida, a perenidade, a esperança e a memória.

 

A subtileza e poesia do seu discurso visual tem vindo a caracterizar a sua abordagem à escultura, criando peças que funcionam enquanto metáfora da condição humana. Ao contrário das obras artísticas mais convencionais que caracterizam boa parte da arte pública instalada na Madeira, a artista propõe uma intervenção artística de caráter comunitário, uma vez que convoca uma parte dos cidadãos para “darem a cara” pelo projeto. Esta relação de cooperação e parecia criativa insere-se no espírito da arte pública que desenvolve um compromisso social, que valoriza e promove a participação efetiva da sociedade na criação artística.

 

Por outro lado, reflete um esforço no sentido de desmistificar a arte, tornando-a acessível aos cidadãos, já que permite o seu envolvimento direto e a partilha do ato criativo. Entende-se, assim, a arte enquanto catalisador de energias coletivas e desenvolvimento do potencial humano. Mas não é apenas através dos diferentes rostos que a artista estabelece uma relação específica com o local onde será realizada a intervenção artística.

 

A contrastar com o fundo, surge um conjunto de silhuetas de aves que caracterizam a fauna madeirense. Estas formas espelhadas, com acentuada dinâmica visual, emergem do mural criando diversas possibilidades fruitivas, através da sua forte interação com o espaço circundante. Tal verifica-se quer através do jogo de reflexos que proporciona com a paisagem envolvente, quer por meio da exploração de diferentes efeitos cromáticos derivados da incidência da luz.

 

As superfícies espelhadas não só duplicam a paisagem, criando novas relações espaciais, como distorcem a perceção visual, introduzindo uma nova dimensão no trabalho. Nesta organização intercalada de formas, observa-se a exploração de valores expressivos de luz e sombra, que funcionam como um verdadeiro estímulo à imaginação do espetador que ali descobre diversas associações simbólicas. Apela também a uma introspeção contemplativa dos transeuntes que observam a obra, proporcionando uma certa identificação coletiva."